quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Na Lama



"É caótico e triste. Mas eu não quero que seja seguro. Tem que ser humilhante". Lady Gaga.

Quem me conhece sabe como eu sou, quer dizer, eu tenho algumas características inconfundíveis, indissociáveis de minha personalidade: extremamente racional, porém sem perder a espontaneidade, sorriso fácil, observador, se não tenho resposta simplesmente fico quieto, gosto do silêncio... Ás vezes eu tento controlar alguns impulsos (algumas expressões cômicas involuntárias), mas daí eu percebo que não tem motivo para controle... Me ame ou me odeie, essa é minha essência... Essa semana eu ouvi uma música, que traz no refrão aquilo que na minha opinião é a chave da Transcendência, o caminho para a grandiosidade espiritual: "Se você me odeia deita na BR", me ensinou que você não precisa pagar com a mesma moeda, desapega daquilo que não vale a pena, Está nas mãos de cada um decidir o próprio destino. A única verdade que realmente importa é a que nos faz feliz... A efemeridade do tempo me garante que o melhor é aproveitar ao máximo as coisas boas... A notícia boa: não há sofrimento que dure para sempre...

Desde a infância eu passo minhas férias no campo, no sítio de meus avós, é incrível, o contato com a natureza desperta o meu melhor... Mas mesmo neste recanto de paz e tranquilidade, eu guardo em minhas lembranças, alguns recortes, de algumas situações que a Hiperidrose me fez viver... Uma delas é a sensação do pé enlameado... Lá, para todo lugar que eu vá, após poucos segundos de caminhada, meu pé começa a dançar no chinelo, escorregando no suor incontrolável, e nesta dança eu já levei diversos tombos (o terreno é pedregoso, muitas descidas e subidas...inevitável), alguns chinelos arrebentados, mas nada se compara a impagável cena de me ver, se equilibrando a cada passo, abrindo os braços a cada escorregão como se estivesse na corda bamba... Teve uma vez que eu tentei inovar, estava em uma descidinha, como o chinelo escorregava muito resolvi tirá-lo, seguir o conselho dos telespectadores e andar descalço, dois segundos depois com o chão pelando e as pedras que tinha no meu caminho, coloquei o calçado novamente... Aquela altura, não sabia se era lama que estava no meu pé, ou se o meu pé é que estava na lama... E muito menos se a lama era lama de fato ou algum composto a base de vaselina... Digo isso pela textura escorregadia do composto... Em pouco tempo o chinelo arrebentou, eu caí, minhas mãos amorteceram um pouco a queda, e o grude que antes se concentrava nos pés, também as dominou... eu sangrei... Mas o que eu queria mesmo era chorar... Eu não chorei, apenas calei e aceitei a minha sina... Andar por sobre aquele caminho tortuoso, pés e mãos enlameados, sangrando e suando, sem reclamar. Felizmente no meu caminho tinha um rio, em poucos minutos meu elemento protetor (a água) me livrou daquele lodo, eu não sei ao certo por quanto tempo fiquei me lavando... Sei apenas que no final, percebi que meus ralados não eram tão graves... Aos trancos e barrancos a vida continua... Não existe lama, que a água não possa lavar.

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