terça-feira, 30 de abril de 2013

Como a Lótus Azul!


Eu acredito que nada nesta vida acontece por acaso!!! Li um texto muito bom, me levou a fazer algumas reflexões que a princípio pensei não ter muito a ver com a Hiperidrose mas no fim tem tudo a ver!!!! Sabe, pesquisando a esmo na internet encontrei o Significado da Flor de Lótus Azul... Pausa Dramática, som dos anjos anunciando a descoberta do século... Para mim foi por aí, "pô cara me emocionei"... No oriente, a flor de lótus é um símbolo de pureza espiritual. É uma planta aquática que simplesmente floresce sobre a água, preciso reproduzir um trecho do texto que eu achei fascinante: A Lótus é "a flor imaculada que desabrocha sobre a água em busca de luz, é a promessa de pureza e elevação espiritual"... Existem Lótus de mais de uma cor, mas gostaria de me ater ao significado da Lótus Azul que remete "ao triunfo do espírito em relação aos sentidos, significa sabedoria e conhecimento. Esta flor nunca revela o seu interior, porque está quase sempre totalmente fechada"... Bom é nesse ponto que todos devem se perguntar: O Blog é sobre Hiperidrose ou Botânica... Eu penso... que Eu enquanto uma pessoa com Hiperidrose, sou como uma Lótus Azul!!!  O meu desafio diário é aprender a florescer sobre a água... Em busca de Luz... De Vida... As experiências diárias, me fazem refletir, significar, ressignificar... Me faz entrar em contato com o melhor e o pior de mim... E a consciência me faz crescer... Enxergar o mundo de uma forma que só eu, pela minha História consigo ver!!! Como a Lótus Azul, durante muito tempo eu fiquei fechado... Com medo de revelar ao olhar do Outro, aquilo que meu corpo insiste em evidenciar... Quis acreditar que era privado, o suor que a olhos vistos escorre de meus poros.... Ainda é estranho este movimento de desabrochar para a Vida... Sem medo de Ser Feliz... É em busca desta Sabedoria, deste Conhecimento que eu estou!!! Como a Lótus Azul devemos ser Símbolo... De nós mesmos. 


Desconhecido em Mim

 




Mergulho no mar da minha vida,
defloro o desconhecido
e faço florir meu ser.
Na magia do mistério,
sou imigrante
de mundos diferentes
que me identificam
e me acolhem.
Diante do revelado,
calo-me.

 E, neste silêncio,
a paz se propaga.


Anita



 

Decisão Decidida

 
 
 
 "Hoje mergulho no desassossego! Vou solitário, individualista... na busca de uma revolução que seja só minha". Kléber Novartes.
 
 
Este Post. é reflexo do que vivi nos últimos dias... Período de absoluto desequilíbrio... Talvez, mais do que mero desequilíbrio, período agonizante de profunda insatisfação... Absorvido pela rotina, lá estava eu, como um autômato reproduzindo um Hall de comportamentos que já não me faziam sentido... Demorou um tempo para "cair a ficha", do caminho que eu estava trilhando.... Estrada tortuosa da Auto-Destruição... Sem exageros!!! Penso que não queria admitir, por comodismo talvez, que já era hora de tirar a tampa do ralo, e deixar que toda a água suja escoasse... Grandes mudanças nunca são fáceis... Mas quando chega a hora, a gente sente... A gente Sabe!!! E devo dizer que o conhecimento ambiguamente nos liberta e nos aprisiona... O conhecimento é a chave que destranca as algemas... Mas o movimento de abrir a tranca implica em responsabilidade...  Deve-se arcar com as consequências... Decisão Decidida, já eras... Instalou-se a Marca Psíquica... Certa ou errada? Boa ou ruim?.... Isso importa? Sempre podemos ressignificar... A que preço? Com certeza, o preço Justo por estarmos Vivendo!!! Pode parecer absurdo, mas foi a Hiperidrose que me ajudou a perceber, que definitivamente algo não estava no eixo, e que eu precisava agir... Ao entender meu sintoma como a descarga de algo absolutamente subjetivo que eu ainda não consigo simbolizar... Precisei de um tempo!!! Escolhi me permitir dar este tempo!!! Mergulhei no desassossego, buscando a tranquilidade que emerge depois do Caos... "Na busca de uma revolução que seja só minha"...Decisão Decidida... Pela qual valha a pena Lutar, Viver ou Morrer.
 
 


domingo, 7 de abril de 2013

Eu sei, Mas não devia

 
 
"Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma".
 
Marina Colosanti
 
 
O texto acima foi extraído do livro "Eu sei, mas não devia", Editora Rocco - Rio de Janeiro, 1996, pág. 09.
 

À Margem



"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos".
Fernando Pessoa.
 
 
Talvez, seja exatamente neste "tempo da travessia", onde eu estou... A Rotina que até então era meu porto seguro, já não me satisfaz...Me sinto estagnado, e isto não é bom, afinal de contas Vida é movimento! A eterna busca... Neste momento, tentando transpor as barreiras do meu sintoma, consigo enxerga-lo sob nova Luz, fruto de um longo caminho, permeado por ressignificações... Que me levaram do inicial entendimento da Hiperidrose... Ao entendimento de mim mesmo... Mais uma daquelas coisas que só eu posso fazer! Depende de meus esforços enfrentar... Da melhor forma possível Todas as inúmeras "situações" que ainda virão! Não vou ficar à margem... Não de mim mesmo!