sábado, 10 de agosto de 2013

Dia Lindo de Viver





O dia estava realmente Lindo, a cor nítida e intensa do azul celeste parecia uma obra de arte, na qual um cândido ballet de nuvens vagarosamente se apresentava, e se deleitava com o Brilho transcendental concedido pelo grande mito,  que Altivo no seu Imponente trono dispensa os comentários do porque é o Astro Rei... Conspiração do Universo ou não, tudo naquele dia parecia incrivelmente especial, desde as árvores se contorcendo pelas cócegas que a Brisa lhes fazia, até o ônibus que agora não é mero meio de transporte, porque nele está nosso protagonista: Ele... Enquanto se dirige, a seu compromisso Ele é absorvido pela trilha sonora, que toca a altos brados em seu fone de ouvido, cada canção salva por uma História: Das triviais desilusões amorosas, às que celebram a amizade, fazem o corpo mexer, e porque não das que marcam no AGORA o nascimento de um novo sentimento que ainda não disse a que veio... Enquanto Ele distraído, curte o som e admira a paisagem através da janela, já embebidas de suor suas mãos disparam o Alerta... O tempo passa... Na rua Ele desfila, a passos vagarosos com olhar atento no caminho observa as pessoas... Pessoas que absorvidas pelo seu próprio mundo interno apenas passam... Se olhassem por um segundo, talvez se perguntassem: "Quem é Ele?"... Ainda com o fone de ouvido: Make Me Breake Me - Vanbot, faz Ele acelerar seus passos: No ritmo da batida, da música... Do seu coração... Tênis, Calça jeans, Camiseta Azul marinho tamanho M e bolsa a tiracolo... Agora era Ele que sorria com a displicência da Brisa... do Vento... Ele entra no prédio, no elevador aperta o botão décimo segundo... Enquanto guarda o fone de ouvido confere na tela do celular: Dez minutos atrasado... Ele precisa de um copo de água... Enquanto absorve e é absorvido pelo líquido Ele olha para a placa presa na porta que indica: Psicanalista. Após os costumeiros cumprimentos Ele entra, bolsa a tiracolo no chão acomoda-se no Divã... Deitado pousa as mãos extremamente geladas e suadas em seu abdômen... Eufórico Ele descreve os últimos acontecimentos da sua intrincada História: Conversas, sonhos, hipóteses interpretativas... A medida que em Catarse trabalha todos aqueles conteúdos, Euforia e Ansiedade diminuem, mas mesmo assim Ele está inteiramente mobilizado! Cada poro de seu corpo em atividade confirma isso! Cinquenta minutos depois, com Ele mais aliviado a sessão é encerrada... Após as costumeiras despedidas Ele se dirige ao elevador... Quando entra no pequeno cubículo, sozinho encara no espelho a sua imagem Analisada... Grandes marcas de suor embaixo de ambas as axilas, no abdômen onde suas mãos estavam repousadas uma outra marca nada discreta... Ele pensou: "podia ser pior"... E virou-se vagarosamente... Ao olhar no reflexo a marca Grotesca de suor em suas costas Ele concluiu: "Eh, acho que falei cedo demais, não podia não!"... Sem pensar muito Ele concluiu: Missão de Emergência no elevador! Pôs a bolsa no chão e começou a tirar a camiseta... Primeiro os braços, ergueu a barra puxando de baixo para cima exibindo todo o seu corpo, no segundo necessário para remover a camiseta...O elevador parou e no mesmo segundo a porta se abriu... Ele estava em um daqueles momentos inusitados, em que a situação é tão absurda que não sabe-se o que fazer... Isso definitivamente não estava no manual... Já sem camiseta Ele encarou a senhora de aproximadamente uns noventa anos e sua filha de uns trinta que segurava a porta, um tanto quanto indecisa se entrava ou esperava o próximo... Semi-nu Ele que a esta altura estava mais vermelho que nariz de palhaço, apenas deu um sorrisinho sem graça e abaixou-se para pegar na bolsa que estava no chão o vestuário sobressalente... Enquanto rapidamente vestia o novo acessório seco e apresentável socialmente, as mulheres entraram no elevador... Em frações de segundos Ele já estava vestido... E não fosse as testemunhas oculares tudo estaria normal... Quando se levantou Ele percebeu que havia colocado a blusa de malha fina ao contrário, não tinha nenhum tipo de estampa mas definitivamente a gola em formato V deveria ter ficado para frente... Nas atuais circunstâncias preferiu apenas esconder a etiqueta que estava aparente logo abaixo de seu queixo e fingir que era estilo!... Nada foi dito... O elevador finalmente chegou no térreo... As mulheres saíram e Ele também... No Hall do prédio se despediu com um aceno de cabeça do porteiro, que estava com uma expressão meio indecifrável no rosto... "Será que estes elevadores têm câmera?" Ele pensou enquanto saía e respirava ar puro... Enquanto caminhava Ele arrumou a posição da gola V, pegou os fones e ligou a música...  Ele anda, e com olhar atento no caminho observa as pessoas... Pessoas que absorvidas pelo seu próprio mundo interno apenas passam... Se parassem por um segundo, talvez se perguntassem: "Porque Ele está rindo tão alto?"... "Porque Ele está tão feliz?"... Talvez Ele respondesse: Porque estou vivendo da melhor forma que posso... Porque estou vivendo! Porque sim! Isso Ele pode!



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